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Resolvi escrever só agora o resumo final da minha estadia na China durante o semestre que passou, por duas razões, a primeira, porque precisava de assentar ideias antes de dar qualquer opinião e a segunda, porque tive uma má experiência antes de regressar para Portugal, que me fez ficar um pouco ressentida com todos estes meses passados na Ásia.
Antes de regressar a Portugal, fiz uma viagem de um mês pelo sudoeste asiático (Tailândia, Camboja, Indonésia, Singapura e Malásia), que foi espetacular e me marcou para sempre, mas que acabou da pior forma. A dois dias de voltar para China e apanhar mais tarde o voo para Portugal, fui assaltada na capital da Malásia, Kuala Lumpur. Lembro-me como se fosse hoje, tinha saído sozinha para ir ver o jogo Potugal x EUA (lá eram 24h30) a um café que ficava a dois minutos a pé do hostel…mas, nesse momento tinham posto a dar na televisão o jogo da Alemanha e eu resolvi sair no intervalo porque não estava lá a fazer nada. A caminho do hostel, um homem na sua scooter apareceu à minha frente e pediu-me, apontando uma faca, que lhe desse a minha carteira. A minha reação foi recusar à primeira, mas segundos depois apercebi-me do que se estava a passar e lá dei a carteira, fiquei boquiaberta, sem conseguir falar ou pedir ajuda! A partir desse momento a minha viagem única e fantástica tinha chegado ao fim e só queria regressar a casa.
Voltei então à China. Qualquer chinês que me aparecesse à frente irritava-me, qualquer comida chinesa dava-me a volta à barriga, ouvir aquela língua tão diferente deixava-me stressada e só pensava na minha família e no meu país que tanto adoro. Foi um final que não esperava e, por essa razão, não quis escrever logo sobre a minha experiência pois tinha regressado com má impressão de tudo o que tinha vivido.
Agora, mais calma, sinto que é a altura certa para falar sobre esta experiência, que amei e voltaria a repetir, embora com algumas mudanças. Se fosse hoje teria aproveitado mais alguns momentos e teria alugado uma casa com outros estudantes, pois pouparia dinheiro e teria uma cozinha, que na minha residência não tinha e todo o semestre almocei e jantei em restaurantes, o que me fez muito mal, pois em 4 meses engordei 5 quilos. A comida chinesa é à base de arroz e noodles fritos, dumplings, molhos, muitos temperos e poucas proteínas. Eu como já gostava de comida chinesa, comecei a experimentar tudo sem medir consequências e quando dei por mim não tinha na minha alimentação coisas essenciais como peixe, carnes brancas, legumes cozidos. Na sociedade chinesa não se come pão, fiambre, queijo, peixe, cereais, leite, etc…e para adquirir produtos ocidentais temos que nos dirigir a lojas específicas e são muito caros. Ou seja, em 4 meses mudei drasticamente a minha alimentação. Se houver uma próxima oportunidade de morar na China, terei isso em consideração.
Mas, nem tudo foi mau, agora olhando para trás penso nos bons momentos que vivi, nas pessoas fantásticas que conheci e ficam para a vida. Nas tardes passadas a treinar o mandarim, nos passeios que fiz e coisas que vi e vivi pela primeira vez na vida como se fosse uma criança a aprender tudo do início. Foi necessário uma adaptação brutal, uma força enorme para conviver com aquele povo tão diferente. Hoje, digo que os chineses são pessoas fantásticas quando o querem ser, quando se mostram disponíveis para os estrangeiros e quando querem aprender e partilhar coisas connosco. Têm um pensamento e hábitos completamente diferentes dos nossos, mais conservador, mas é isso que torna tão interessante conhecer essa cultura e criar laços com eles, pois podemos trocar ideias. Na europa é impensável os pais arranjarem noivo para as filhas, não passa pela cabeça de ninguém fazer encontros em que os pais expõe os filhos de tal forma, que os outros pais podem escolher consoante o seu perfil descrito em papéis pendurados nas paredes. É impensável comer arroz ao pequeno-almoço, almoço, lanche e jantar. Os namoricos de juventude que se vê por todo o lado na Europa, são mal vistos pelos mais velhos, pois até terminar o secundário não se pode ter nenhum namorado porque vai destabilizar os alunos e tirá-los do foco da vida. Vive-se para criar família e cuidar uns dos outros, não se vive só para si, vive-se de partilha e luta por se superar o que se conseguiu até aí todos os dias das suas vidas.
Amei aprender mandarim (apesar de muito difícil, a forma como os caracteres são feitos faz todo o sentido e a língua em si torna-se interessante) e conhecer a história do país, sinto-me uma pessoa mais rica interiormente e dou muito mais valor a pequenos pormenores. O povo chinês é um povo trabalhador, apesar de muitas vezes se aproveitar de ideias de outros países, como Japão e Coreia. São um exemplo para nós, portugueses, que muitas vezes demoramos eternidades para nos fazer à vida.
Estes meses mudaram o meu pensamento, e hoje digo, que foi e vai ser para sempre A experiência da minha vida. Já sinto saudades de tudo, até das coisas que mais me incomodavam, como o trânsito infernal, as pessoas a falarem aos berros e a forma ainda rudimental de viver a vida.
Claro que há coisas que nunca me vou habituar, como a sujidade, o escarrar no chão, a dificuldade em resolver problemas sem antes ter que passar por trinta mil escritórios e pessoas, principalmente quando se trata de estrangeiros; a confusão no metro e a dificuldade em cumprir filas e regulamentos. Mas, adaptei-me, cresci e sou uma nova pessoa, com histórias infinitas para contar e recordar todos os dias da minha vida com muita alegria.
Tenho a agradecer a todos os que me ajudaram e estiveram comigo nos momentos bons e nos mais difíceis e em que a saudade foi mais forte. Mas posso dizer que foi brutal, adorei, amei e faço questão de voltar um dia e rever locais e pessoas com que me cruzei.
Espero, com este blog, ter dado uma boa ideia do que é a China e das experiências que vivi. Que, quando falarem sobre a China, possam dizer que conhecem um pouco o país e possam dar conselhos, pois já ouviram falar e tiveram oportunidade te ter relatadas muitas realidades daquele país. :)
Como alguns de vocês já sabem, comecei a dar aulas a crianças chinesas com idades entre os 10 e 12 anos. O objectivo é ensinar-lhes novas palavras em inglês mas não só, o ponto principal é falar de temas que lhes interessam e dar-lhes coragem e carinho para viverem as sua vidas de uma maneira mais harmoniosa. Estas crianças mudaram-se com a família do campo para a cidade e ainda se estão a adaptar a esta nova vida. Muitas delas não têm o apoio da família e necessitam de alguém que lhes dê carinho e atenção.
Na minha primeira aula eu não sabia bem o que dizer e estava muito nervosa, mas passou tão rápido que nem deu para pensar no nervosismo. Os miudos são muito espertos e até falam um pouco de inglês! Quando eles não percebem o que digo as minhas colegas chinesas traduzem para eles. Têm sido uma grande ajuda.
Numa das aulas o tema foi coragem e falamos sobre o que é a coragem para cada um e quais são os nossos sonhos. Dissemos também que eles não precisam de ter vergonha de mostrar aos pais o quanto gostam deles e lançámos o desafio de eles naquele dia quando chegassem a casa dizerem aos pais "i love you". O t.p.c. foi relatar a experiência e falar sobre os seus sonhos. Vejo que são crianças muito corajosas e que só precisam de um empurrãozinho e palavras de incentivo para fazerem tudo aquilo que sempre quiseram e que sonham.
Mostro aqui alguns exemplos de textos que eles escreveram para a professora Luísa :)
Ps: se tiverem ideias de temas para as próximas aulas agradeço imenso que partilhem!
Olá a todos, venho contar um episódio que se passou durante os dias em que a minha mãe me veio visitar à China.
Fomos passar uns dias a Guilin, mais propriamente Yangshuo, uma zona de montanhas e rios muito famosa no país. No primeiro dia decidimos fazer uma passeio de bicicleta pela zona e depois chegar ao rio e fazer um passeio nos barcos de bambu, como podem ver na foto.
Tudo se realizou normalmente até ao momento em que o senhor nos perguntou se queriamos tirar fotos mais à frente e eu respondi que sim a pensar que ele falava de outra coisa! Tiraram-nos as fotos e depois ele parou na plataforma que se vê na foto para que nós escolhessemos as fotos e pagássemos. Mas eu disse que não queria e ele mudou completamente a sua atitude. Deu-me uma palmada no rabo para me mandar sair dali e tirou o nosso guarda-sol, como forma de se vingar. Nervos!! Eu e a minha mãe ficámos chateadas e refilámos com ele para que pusesse de novo o guarda-sol. Ele disse que estava estragado e mais tarde disse que abria se pagássemos 30 kuais, o valor de uma fotografia, grande lata... Eu disse que não e liguei para a Kally (recepcionista do nosso hotel, que tinha marcado tudo) e passei o telefone ao senhor. Passado uns segundos ele desliga e continua a conduzir o barco sem dizer nada e sem por de volta o chapéu. Mais tarde, começa a desviar o barco para berma e nós sem percebermos nada! Estava lá o patrão à sua espera. Eis que de repente o senhor sai do barco e o patrão dá-lhe uma enorme estalada na cara e depois atira-o para a água! Medo!! Eu e a minha mãe ficámos sem reacção e pedimos ajuda às pessoas que estavam lá perto, ao que eles apenas responderam que não havia problema e para seguirmos viagem.
Fica uma foto que consegui tirar discretamente (tinha que fotografar este momento :p):
Após tal humilhação, o senhor volta para o barco, põe o chapéu no sítio e segue viagem sem dizer uma palavra todo o caminho. Lá conseguimos terminar a nossa viagem maravilhosa em bem e no final ainda nos devolveram o dinheiro por não estarmos satisfeitas :)
Shanghai! Uma das maiores (senão a maior) cidade da China, tem cerca de 20 milhões de habitantes (SÓ o dobro de Portugal, coisa pouca) e é uma das mais desenvolvidas do mundo.
Mais uma vez comprei os bilhetes de comboio mais baratos que haviam, o que se traduz numa viagem de 4 horas naqueles assentos fantásticos. Para alem de que tive a oportunidade de ver um bebe chinês a fazer as suas necessidades no chão ao pé de mim, o que é sempre bom! A partida foi às 5h da manhã e por isso tivemos que acordar muito cedo, isto porque queríamos aproveitar bem o dia. Resultado: passámos o dia cheias de sono e super cansadas! Mas isso não nos deteve! Fizemos questão de visitar o que tínhamos planeado…ou pelo menos tentámos.
Chegamos ao hostel e fomos por as malas no quarto. Deparamo-nos com um chinês a dormir com a roupa toda espalhada pelo quarto e com as outras camas por fazer. Ele acordou e enrolou o lençol à volta dele para poder vestir o seu casaco comprido que parecia daqueles dos pilotos, pretos com riscas amarelas nas mangas (estava nu). Mais tarde viemos a perceber que se calhar ele mora lá, porque o quarto mais parecia a casa dele e porque ele andava sempre assim vestido pelo hostel como se nada fosse. Mas não havia problema, nós estávamos la para nos divertirmos e sempre com um espirito positivo!
Pegámos nas mochilas e no meu mapa em espanhol, pois não tinha mais nenhum, e lá fomos! Decidimos no momento qual seria o nosso plano para o dia (porque na realidade o plano ainda não existia) e começamos a caminhar. Andámos cerca de meia hora numa rua que era só de lojas de ferragens e parafusos, sempre a pensar que íamos na direção correta, até que resolvemos ver novamente o mapa só para confirmar e reparámos que tínhamos andado o tempo todo na direção oposta! Boa!! Já estávamos cansadas e ainda nem tínhamos visto nada, nem sequer estávamos a ir para o sítio certo. Voltámos para trás todo o caminho e passado um tempo chegámos ao destino: The Bund, o local com a vista para os edifícios gigantes que se vê nas fotos da galeria, lindo!
Depois, resolvemos ir a um sítio onde podíamos viver “uma experiência inesquecível e num mundo extraordinário”, segundo o cartaz, que nos levava ao outro lado do rio. Esta experiência foi basicamente andar 3 minutos numa espécie de teleférico, mas debaixo da terra e com muitas luzes e luzinhas a piscar por cerca de 10€. Fail nº 2 da nossa trip a Shanghai!….mas não fica por aqui....Os enganos foram mais que muitos ao longo dos 4 dias que lá passámos e raramente chegámos ao local que queríamos à primeira, mas no stress, afinal a cidade é uma das maiores do mundo! O lado bom é que pudemos conhecer várias ruas e locais da cidade que de outra forma não iriamos descobrir!
O momento alto do nosso primeiro dia foi a ida ao circo chinês, adorei! Era uma combinação de ginástica, com acrobacia, efeitos, música ao vivo e números de perigo. Não tem nada a ver com os circos portugueses em que só se vê palhaços e animais, este era muito diferente e, na minha opinião, muito melhor também.
No dia seguinte continuamos o nosso passeio e fomos a diversos mercados na cidade. Visitamos o mercado das antiguidades, um mercado onde havia vários jogos daqueles que os rapazes gostam muito de cartas com super poderes e etc (é a minha maneira de os descrever, não sei o nome), e fomos ao fake market, um mercado onde se vende todas as marcas e mais algumas, mas falsas. Comprei algumas coisinhas e fiquei muito contente com a minha capacidade para regatear! O preço que nos dão nunca é o final, temos que baixar sempre mais de 50% e se eles não aceitarem vamos embora. Nestes casos, quando eles viam que nos estávamos a ir embora, perguntavam qual era o máximo que nós queríamos dar e aceitavam o nosso preço, dizendo que era um desconto especial só para nós. Feliz ou infelizmente tivemos que ir embora para visitar o resto da cidade (por mim ficava lá o dia todo, mas corria o risco de acabar por comprar coisas de mais).
No resto dos dias esteve a chover e o mood não foi o melhor, por isso fomos a menos sítios do que o suposto. Um deles foi o museu da propaganda chinesa, valeu a pena, pois retratava a história do governo chinês ao longo dos anos e a forma como eles se mostravam à população e como queriam ser vistos. Na maioria dos cartazes eles faziam questão de retratar os chineses e russos de forma muito bonita, mas os americanos eram muito feios. Isto porque na altura de Mao, a China não tinha boas relações com os Estados Unidos e a Rússia era (e continua a ser) sua aliada, apesar de nos tempos modernos a China e os EUA estarem a construir uma melhor relação. Deu para perceber noutra perspectiva a visão deste país à uns anos atrás.
Posto isto, tenho a dizer que gostei muito da cidade e que espero voltar lá com mais tempo para visitar o que me faltou ver. E deixo um conselho: quando forem a uma cidade com estas dimensões façam um plano prévio e estudem bem as formas de chegar aos locais! Senão correm o risco de andarem perdidos metade do tempo, o que não é muito agradável (apesar de poder ser divertido em certas situações).
Até à próxima! *
Ontem tive a oportunidade de conversar com um rapaz chinês e descobri um pouco da forma como eles veem o seu próprio país e o resto do mundo. Achei que fosse interessante partilhar convosco :)
A primeira coisa a salientar é o seu inglês, muito bom! Ele é de uma província a norte de Jiangsu (Nanjing) e cruzei-me com ele quando estava no café. Perguntei se me podia sentar ao pé dele, pois não havia mais lugares. No início estava a fazer a minha vida normal e depois ele perguntou-me de onde é que eu era, eu disse com muito orgulho que era Putaoya Ren (Portuguesa) e ele respondeu "Ah yes, an island next to Spain!", nesse momento deu-me uma vontade de rir gigante, mas contive-me e expliquei-lhe que somos um pequeno país ao pé de Espanha, mas muito bonito e interessante.
Entretanto a conversa foi avançando e ele perguntou-me qual era a minha opinião acerca da China e se estava a gostar. Eu respondi que no início foi muito complicado, mas que agora já estava mais do ambientada e que me sentia mais segura, embora não veja os polícias daqui a fazer grande coisa. Ele referiu que na China os polícias não são quem protege a população, mas que é o próprio povo que se protege a si mesmo. É importante cultivar boas relações e criar as próprias redes de amigos/conhecidos e em situações de aflição é a estes que se recorre.
Depois, perguntei-lhe o que ele tinha a dizer sobre o governo chinês e ele respondeu que não apoia, mas que não pode dizê-lo à frente de muitas pessoas porque poderia meter-se em caminhos apertados. Aqui a maioria das pessoas apoia o governo, ou vê-se obrigada a isso, pois é um país comunista. Só quem tem conhecimentos no governo é que pode fazer parte deste e tudo gira à volta disso. Este rapaz é dos poucos que não está de acordo com as políticas do governo chinês, pois tem uma mentalidade diferente, uma vez que estudou inglês e teve a oportunidade de investigar um pouco sobre a cultura ocidental. Ele disse-me que é proibido fazer manifestações públicas que vão contra os ideais chineses e que o governo escolhe a dedo as notícias que pública na imprensa. Ou seja, tentam transparecer que está tudo bem para a maioria da população e estes não têm outra saída senão acreditar, até porque grande parte da população mora em regiões mais pobres e não tem aprendizagem suficiente para perceber o que está certo ou errado, porque sempre viveram neste ambiente.
Entretanto surgiu o tema da família e eu perguntei se realmente existiam políticas de prevenção da natalidade. Ele respondeu logo que sim, mas que essa não era uma das prioridades para o país neste momento, apesar de ele achar que é assunto importante uma vez que a população está a crescer a um ritmo muito acelerado e qualquer dia não há recursos, trabalho ou mesmo espaço para tantas pessoas. Não é dada tanta importância ao assunto porque a mentalidade da população está muito enraizada na tradição e é muito complicado conseguir mudar. Para os chineses, quantos mais filhos tiverem, melhor, pois sentem-se mais seguros (esta ideia vem também no seguimento do que disse anteriormente sobre os polícias) e em caso de acontecer alguma coisa de errado, têm quem os proteja. Para além disso, os pais querem ter muitos filhos de forma a no futuro terem mais recursos financeiros e materiais para a família, bem como aposentar-se cedo.
Curioso também é o facto de as famílias quererem cada vez mais ter meninas em vez de meninos (o que eu pensava que era precisamente o contrário). Isto porque na atual sociedade chinesa cabe aos homens gerir a família e trazer todos os recursos para casa. Isso implica que as famílias dos noivos tenham que dar os seus bens, o seu tempo e recursos à noiva quando o homem não tem o seu próprio sustento, o que se torna um grande encargo para a família. Para além disso, as raparigas com mais de 25 anos que não são casadas, são mal vistas pela sociedade, pois nesta altura já deveriam ter arranjado um marido com estudos e posses financeiras para as sustentar. O que faz com que as pessoas na China se casem muito cedo e a vida familiar comece muito cedo.
A conversa ia de vento em popa, até que alguém o chamou e ele teve que sair. Penaaa! Gostei muito de conversar com ele. Fiquei esclarecida relativamente a diversos assuntos e espero voltar a encontra-lo, desta vez com uma lista de tópicos a falar! J
Primeiro que tudo quero pedir desculpa por não escrever nas últimas semanas. Tenho andado ocupada e por vezes a internet não me permite aceder ao site da melhor forma. Nestas últimas semanas completei mais duas cadeiras (Gestão Estratégica e Macroeconomia) e por isso também estive muito ocupada a preparar apresentações e fazer trabalhos. A uma das cadeiras fizemos uma apresentação oral sobre o lançamento de um novo produto e na outra, a avaliação foi feita através de um exame de grupo. Fomos divididos em grupos de 4 pessoas, de forma a ficarmos todos misturados e não escolher o grupo. Eu fiquei com 3 chineses e posso dizer que foi uma experiência diferente do que estou habituada…basicamente fiz o exame sozinha, porque eles não sabiam nada ou esperavam que eu respondesse primeiro. Os chineses estão habituados a fazer copy past e memorizar tudo, mas neste caso era necessário pensar um pouco e então foi o desastre total! Eu perguntava a opinião deles e não obtinha resposta ou, quando obtinha resposta, esta não fazia qualquer sentido no momento. Espero que no final a nota não seja muito má!
Nestes últimos dias tenho andado a passear. Na terça-feira (dia 1 de Abril) parti com uma amiga para Wuxi, uma cidade indústrial perto de Shangai e a cerca de 2h de Nanjing. Optámos pelo comboio lento porque é mais barato (pagámos cerca de 50 kuais, menos de 5€). Antes de entrarmos na sala de espera tivémos que passar numa zona com seguranças como nos aeroportos (é assim em todas as estações), depois esperámos cerca de 20 minutos e apanhámos o comboio. Os assentos eram duros, estava cheio de pessoas chinesas e no chão era só lixo (pelo preço que pagámos também não poderiamos pedir muito). Fui o caminho todo com o pé de uma senhora chinesa ao pé de mim, que nem sequer me perguntou se eu me importava ou não, apenas tirou os seus sapatos e lá se instalou à sua maneira! Para além disso foi a tossir o caminho todo e nem pôs a mão à frente (para quem me conhece bem, devem calcular como é que eu estava a lidar com a situação). Mas lá chegámos a Wuxi, apanhámos o taxi e fomos para o hostel, que tinha muito boas condições, fiquei admirada (apesar da cama ser a mais dura que já experimentei). Pagámos 120 kuais por duas noites (cerca de 15€). No primeiro dia fomos passear pela zona do mercado de wuxi e no dia seguinte fomos visitar o grande Buda (para quem acha que a Torre Eifel é grande, o Buda é gigante ao pé deda). Apanhámos o autocarro e demorámos cerca de 1h a chegar ao local. Mas valeu a pena, o sítio é lindo, muito sereno. Assistimos a um espetáculo que retratava a história da existência do budismo e depois fomos ver os restantes monumentos. Nunca me tinha sentido tão estranha em local algum, toda a gente olhava para mim e às vezes diziam "Hello" e continuavam a andar. Isto porque a maioria dos turistas na china são os próprios chineses e não é normal ver pessoas como eu nesta zona do país.
Mais tarde fomos visitar o lago da cidade, mas estavamos tão cansadas e com tanto frio que decidimos voltar para trás. Depressa nos apercebemos que tinhamos apanhado o último autocarro para lá chegar e que já não havia mais para voltar...Os chineses que lá estavam aperceberam-se na situação e vieram ter connosco a tentar que fossemos com eles, cada um a puxar para o seu lado. A paciência da nossa parte já não era muita e ter que tentar comunicar com pessoas que não falam a nossa língua mais complicado se tornou. Lá apareceu um táxi, mostrámos a morada para onde queríamos ir e voltámos para os hostel, de rastos.
No dia seginte partimos para Suzhou, a chamada Veneza da china. Demorámos 20 minutos a chegar e depois apanhámos o taxi para o novo hostel. Mais uma vez as condições eram muito boas e o ambiente era muito agradável. Esta cidade por sua vez já era mais acolhedora, com edifícios mais tradicionais (contrastando com os prédios e fábricas de Wuxi) e bonitos. As parecenças com Veneza são evidentes, uma vez que tem vários canais e pontes, mas é uma Veneza pobre e sem o encanto da verdadeira. Entretanto decidimos fazer uma mini viagem de barco (4€ por meia hora) a pensar na nossa bela ignorância que sería tão romântico como em Veneza! A única coisa que vimos para além da água foi casas e pessoas da cidade a fazer a sua vida normal, como lavar os lençois no canal, fazer o almoço ou limpar o quintal (muito requintado portanto). Mais tarde visitámos um típico jardim Chinês e esse sim, era impressionante! Tinha inúmeras flores e árvores e as tradicionais varandas chinesas que vemos nos filmes. Estava cheio de famílias chinesas (avós e pais com os filhos e netos) a brincar, passear e tirar belas fotografias.
Conclusão,vale a pena visitar Suzhou , pois retrata uma parte da China que desconhecia até agora. Uma parte mais tradicional, onde as pessoas não estão tão habituadas às grandes metrópoles. Quanto a Wuxi, um dia é suficiente para ir visitar o grande buda, mas nada mais, pois a cidade em si não é interessante.
Hoje estou de volta a Nanjing, vou ficar uns dias a descansar e estudar mandarim e na próxima quarta-feira parto para Shangai. Estou ansiosa!
Ps: vejam as fotos na galeria :)
Hoje resolvi tirar um dia para a cultura e fui visitar o museu do massacre em Nanjing. Foi um dos museus que mais me chocou, pelas imagens que tinha e pela forma como retratou toda a história de forma tão real.
Este massacre foi um crime de guerra cometido pelo exército imperial Japonês em Nanjing, em 1937, com o intuito de expandir o seu império. Durou 6 semanas e morreram cerca de 300.000 pessoas. Durante a ocupação da cidade, o exército Japonês executou prisioneiros e civis, violou mulheres e crianças e cometeu enumeras atrocidades.
Ao longo das seguintes fotos podem ver o quão real é esta história e o impacto que tem na sociedade chinesa:
12/03/2014: Um mês já se passou desde que cheguei a este porto. Um mês de descobertas, sensações e experiências que nunca antes tinha vivido, um mês em que um sonho e expectativas de meses se tornaram reais. Na verdade, a realidade não correspondeu ao que tinha no meu pensamento, foi às vezes pior e outras melhor do que aquilo que tinha imaginado. Tem sido um misto de emoções que me fazem crescer e estar grata por ter esta oportunidade. Emoções e momentos que me fazem pensar a todos os segundos na minha família e no quão lhes tenho a agradecer o facto de poder estar aqui, a viver esta nova realidade.
Neste mês que passou, conheci pessoas de todo o mundo, tão diferentes de mim, mas ao mesmo tempo tão iguais. Pessoas que partiram sozinhas dos seus países em busca de oportunidades únicas e que neste momento não trocariam isto por nada. Eu mesma posso já dizer que não trocaria isto por nada.
Ao longo destas semanas tenho tido a oportunidade de passear, estudar e de aproveitar todos os momentos:
- Experimentei as artes marciais tradicionais (tai shi e kong fu), aulas de Dança Jazz (que de Jazz não têm nada, mas sim de erotismo) e o ginásio da universidade, sempre cheio de estudantes chineses a fazer os possíveis e impossíveis para ficarem em forma (apesar do ideal de corpo deles ser bem diferente do nosso)
- Fui à montanha da cidade e caminhei quilómetros para chegar ao ponto mais alto. Desse mesmo ponto, apanhei um autocarro de volta para a cidade que quase caía aos bocados e não havia lugares sentados
- Fui abordada diversas vezes por jovens chineses que faziam questão de tirar fotografias connosco e publicar nas redes sociais deles para mostrar aos seus amigos. Houve até uma situação em que uma mãe obrigou literalmente o filho a tirar uma foto connosco, enquanto ele fazia uma birra e fugia de nós
- As experiências gastronómicas foram infinitas e o menu ainda não é decifrável em muitos restaurantes. Há que ter cuidado quando se pede galinha, porque muitas das vezes são servidos apenas os ossos e gordura, algo que não consigo comer por melhor aspeto que tenha. Provei também os famosos Dumplings, um petisco tradicional chines feito com uma massa cozida ou frita e que no interior têm os mais variados recheios
- As aulas do curso de gestão ainda não foram muitas, mas a primeira cadeira já está feita. O exame final consistiu na visualização de um filme e posterior resposta a um questionário em grupos de 3 pessoas. Já as aulas de mandarim, têm sido bastante produtivas e sinto-me cada vez mais parte desta sociedade, conseguindo já compreender algumas coisas essenciais
Os dias têm passado a correr, mas têm valido muito a pena!
Aproveito para deixar uma mensagem aos amigos e familiares: nunca desistam de tentar realizar os vossos sonhos, e cumprir as vossas promessas. Mesmo que aos nossos olhos não existam mais esperanças, é preciso ter coragem e determinação!
Já passaram duas semanas desde que cheguei a este país. O tempo passa a correr!
Os primeiros dias foram difíceis, mas agora já me estou a ambientar. Tenho conhecido pessoas de várias nacionalidades, mas aquelas com quem mais me dou são maioritariamente espanhóis. Grande parte dos estudantes de fora vêm da Coreia do Sul e outros países da Ásia,mas estes fecham-se muito no seu próprio grupo. A maioria dos estudantes que aqui encontro vêm para cá com bolsas do estado chinês, apenas para virem estudar a língua, pelo que permanecem no país cerca de 2 anos, até dominarem bem o mandarim.
Já comecei as aulas de mandarim e as aulas da licenciatura de gestão. Inicialmente eu só iria ter as aulas da licenciatura de gestão, mas no dia das inscrições para a faculdade (pensava eu), no meio de tanta gente, de tanta correria e das tentativas de explicar o que estava cá a fazer, inscrevi-me para aulas de mandarim sem saber. Mas também não tem mal, assim aprendo a língua e saio daqui com um curso de língua chinesa.
As aulas de mandarim são durante a semana, todas as manhãs. Neste momento estou no nível inicial, o único que é lecionado em inglês. Parece que estou na escola primária, em que temos que fazer ditados e repetir os sons infinitas vezes para que comecemos a memorizar os caracteres e os tons desta língua tão diferente da nossa. É importante estudar para além das aulas porque senão perdemos o rumo e torna-se complicado acompanhar as aulas seguintes, pois está tudo relacionado. Algumas palavras que aprendi e uso no dia-a-dia: Nǐ hǎo– Olá - 你好; Xièxiè – Obrigada - 谢谢; Wǒ jiào – Eu chamo-me (…) - 我叫; Wǒ bùxiǎng – Não quero - 我不想; Duōshǎo qián? – Quanto custa? - 多少钱?.
Um exemplo meu treino diário:
Quanto às aulas da licenciatura, estas são só durante o fim-de-semana e são por módulos, ou seja, faço uma disciplina de cada vez. Neste momento estou a fazer Human Resources Management, com o professor Shuming Zhao. Os meus colegas são tanto chineses como estrangeiros e todos falamos inglês entre nós. Estes chineses, excecionalmente, falam inglês pois estão a tirar mestrado (MBA) e pretendem ir trabalhar para fora. Basicamente temos aulas sábado e domingo das 09h00 às 18h30, com pequenos intervalos pelo meio. A avaliação final vai basear-se num relatório escrito entregue no final do ano. Nesta cadeira, o professor limitou-se a falar do assunto, acompanhado por slides, e a mostrar filmes que retratam as diferenças culturais entre os diversos países no que toca à forma de trabalhar. Por exemplo, os Japoneses trabalham muito em equipa e são muito eficientes, o trabalho está em primeiro lugar, mas a sua motivação está na família e procuram um trabalho para a vida. Já os americanos são individualistas, trabalhar em equipa não faz parte da sua natureza e o seu principal interesse é ganhar dinheiro, sendo mais flexiveis ao nível do emprego.
Relativamente aos chineses, estes são muito estudiosos e rigorosos com eles próprios. Cada vez é mais difícil arranjar emprego na China e eles lutam constantemente pelo seu futuro e para serem melhores a cada dia que passa. Vim a descobrir também que as mulheres com mais de 25 anos que não são casadas começam a ser mal vistas pela sociedade e os pais tentam encontrar o noivo ideal para elas (com estudos, posses financeiras e trabalho). Interessante também, é o crescente investimento dos chineses na Europa, que se deve em grande parte ao facto destes, na China, só poderem ter património (casas e terrenos) na sua posse durante cerca de 17 anos, passando a ser depois património do Estado. Investindo na Europa, têm a certeza que aqueles imóveis serão seus para sempre e já têm herança para deixar aos filhos e netos. Isto porque a China vive num ambiente comunista, em que tudo acaba por pertencer ao Estado mais cedo ou mais tarde.
E por hoje fica apenas um cheirinho do que é o ambiente académico por estes lados. Até à próxima!
Ao longo destes dias tenho-me deparado com algumas situações e aspectos da sociedade chinesa que me têm intrigado e surpreendido. Aqui ficam alguns:
- A maioria da população apenas fala chinês. Encontrar alguém que perceba bem inglês é um achado.
- Passar numa passadeira é um desafio, pois atravessam-se motas e bicicletas à nossa frente sem darmos por isso. Olhar para todo o lado é imperativo e mesmo assim nem sempre é suficiente! Para além disso, estão sempre a buzinar ao ouvido, como se as pessoas fossem surdas e não se apercebessem que estão a passar.
- Qualquer pessoa pode conduzir uma acelera e não é necessário usar capacete. Às vezes até andam 3 pessoas e o cão na mesma mota! O que interessa é chegar onde se quer.
- É normal os estrangeiros irem na rua e os chineses olharem para nós de forma estranha porque para eles somos muito diferentes. É normal também pedirem para tirarmos fotos com eles.
- As crianças mais pequenas, até cerca dos 3 anos de idade usam roupas muito quentes nesta altura do ano (como é normal), mas não usam fralda e têm um buraco na parte de trás das calças para poder fazer as suas necessidades enquanto andam/passeiam/brincam. Há que ter cuidado com o que pisamos!
- Os chineses têm um vício terrível de escarrar e cuspir para o chão, em qualquer lado. Algo que não me vou habituar por mais tempo que passe na China, apesar de ser um costume deles.
- Nos espaços públicos as casas de banho não têm sanita, apenas um buraco no chão e muito menos têm papel higiénico. Por isso convém andar sempre com lenços de papel e treinar o equilíbrio (as mulheres).
- Relativamente à higiene feminina…esta tem que se lhe diga! Primeiro, não fazem a depilação em parte nenhuma do corpo. Segundo, não usam tampões pois no seu pensamento estes são para as “mulheres da rua”. Terceiro, as mulheres chinesas usam máscaras e cremes para a sua pele ficar mais branca, porque o ideal de beleza é ter uma pele o mais branca possível.
- Nos mercados de rua, o preço que nos dão é sempre cerca de 30% acima do preço real, por isso regatear é normal até baixar o preço um pouco mais do que essa percentagem.
- Talheres não existem nos restaurantes. Ou nos desenrascamos com os pauzinhos e uma colher, ou então não comemos. Para aí no próximo mês já devo conseguir comer decentemente sem demorar horas até acabar a refeição!
- Não é seguro comer nas tendas de rua, porque nunca se sabe o que as espetadinhas com tão bom aspeto e cheirosas possam ter, nomeadamente carne de cão/gato/cobra.
- Uma refeição custa em média 2,50€ e uma viagem de metro/autocarro custa cerca de 0,30€. Andar de táxi também não fica caro, ir por exemplo da minha residência até ao centro, que são cerca de 4 km, custa 1,30€.
E por hoje é tudo! Penso que todas estas diferenças já deixam uma pessoa confusa e ainda só passou uma semana. Vamos lá ver o que me espera nos próximos tempos
O meu nome é Luísa Gomes, tenho 20 anos e estou no último ano da licenciatura de Gestão no ISCTE Business School. Sou natural de Coimbra, Portugal.
Nos próximos 5 meses irei estar em Nanjing, China a terminar os meus estudos, no âmbito de um programa de intercâmbio realizado entre a minha faculdade e a correspondente em Nanjing.
A criação deste site, associado a um blogue, surgiu para contornar um obstáculo encontrado, que é o da falta de liberdade de expressão e imprensa, que põe em causa o contacto com o mundo através de, por exemplo, redes sociais. Assim, surge com intuito de relatar todas as minhas aventuras, experiências e factos da sociedade chinesa, bem como divulgar o meu projecto "Uma experiência de vida - Relato de uma viagem pela China na 1ª pessoa". Este consistirá no desenvolvimento de competências académicas, empresariais e sociais e no estabelecimento de contacto entre Portugal e a China.
A actividade lectiva circunscrever-se-á a uma pequena parte do tempo disponível, sendo que haverá lugar à execução de outras actividades fundamentais no âmbito do projecto que vos apresento - voluntariado e promotoria empresarial. Ou seja, será uma viagem multidisciplinar caracterizada por uma itinerância constante, em diversas regiões, por deslocações a empresas e pela prestação de serviços. Para tal, contarei com o patrocínio da Associação Tempos Brilhantes, a qual vou representar durante toda a viagem, e com os contactos que estabelecerei ao longo do tempo.
Espero que me acompanhem nesta viagem e nas minhas aventuras. Vai ser algo único que quero partilhar com vocês!
Dá a tua opinião!
Mamy
the end
Alunos- Inglês
Herbalife- Cristiano Ronaldo
Re:Herbalife- Cristiano Ronaldo
ocúlos de sol
Re:ocúlos de sol
Necessidades fisiológicas.
Re:Necessidades fisiológicas.
lá se foi o Chinês
Re:lá se foi o Chinês
Chinês
Gostei de Suzhou
Beijos, estuda muito...
Tia Belita
Re:Tia Belita
Mamy
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Boa sorte!
Is possible?
From April 27 to May 9 am there.
Studying a cloth with culture, fun and a special night.
I want to go to Tibet by train , is possible ?