Após chegar a Nanjing (sem malas e num táxi em que para além do taxista ia a sua família toda), fui recebida pela Estefânia, uma rapariga Chilena com a qual já tinha falado em Portugal. Ela ajudou-me a tratar das burocracias na residência e lá me instalei. O quarto apenas estava equipado com lençóis básicos, um mini frigorífico e um fervedor de água. A minha nova amiga emprestou-me um édredon para eu passar bem a primeira noite. Se não fosse ela a esta hora ainda estaria a tentar comunicar com as senhoras da receção, que só falam mandarim.

No dia seguinte, acordei e senti-me num mundo completamente à parte, onde a minha língua não é falada e o inglês poucos chineses sabem, e onde nada conhecia. Senti-me completamente desamparada, caída de para-quedas nesta cidade gigante, com cerca de 10 milhões de habitantes. Levantei-me e dirigi-me a um táxi para ir ao Walmart comprar o que precisava, como roupa e toalhas de banho. Para tal, tive que ir ao Google tradutor e escrever para onde queria ir, tirei foto e mostrei ao taxista, pois só assim me conseguia expressar. Na volta, estava eu à espera de um táxi para voltar para casa e a certa altura sinto alguém tocar-me nas costas. Susto! Era uma senhora chinesa, na sua acelera que anda a 20km/h, que me abordou a perguntar se eu queria boleia. Eu aceita e lá fui, sentindo-me por um lado contente e a rir-me da situação, mas por outro a pensar “por favor, leva-me ao sítio certo”. Após perguntar a umas 3 pessoas onde era o local que lhe mostrei, lá cheguei a casa sã e salva!

Já era Sábado, o dia da chegada das minhas malas, e resolvi ir passear pela zona. Andei, andei, andei e encontrei duas raparigas chinesas a quem perguntei onde era o Walmart, pois queria lá voltar e sabia que já tinha passado ali no dia anterior (de mota). Elas falavam inglês, milagre! Ofereceram-se para ir comigo de metro e lá fomos. A viagem custou 0,30€. Entretanto começámos a apresentar-nos e a falar um pouco sobre nós. Eu disse a minha idade e elas ficaram muito surpreendidas, pois na China os jovens só podem sair do país com a companhia dos pais. Estavam muito envergonhadas e disseram que eu era muito bonita. Que queridas! :) Trocámos contactos e ficámos de nos encontrar para eu lhes ensinar inglês e elas me ensinarem mandarim (ver fotos). Afinal nem tudo é mau!

Continuando…

À noite fui jantar com a Estefânia e os amigos dela a um restaurante Japonês, Teppanyaki mais especificamente, em que tínhamos um cozinheiro à nossa frente a grelhar o peixe e a carne (ver fotos). Éramos cerca de 15 pessoas, quase todos latinos (Perú, Colômbia, Chile e Panamá) e por isso foi fácil comunicar! São pessoas 5 estrelas e “obrigaram-me” a fazer um discurso por ser a mais nova do grupo (eles já cá estão quase todos à mais de um ano). Depois fomos a uma discoteca chinesa, mas mais parecia que estava em Portugal, pois o género de música era igual ao que passa em muitos bares do nosso país, nomeadamente música latina e brasileira. Os estrangeiros não pagam entrada nem bebidas, porque somos como “estrelas” para os chineses e quanto mais forem aos seus bares, mais reputação estes têm. Resumindo, foi uma noite bem passada e que serviu para me ambientar mais a este novo país.

Até à próxima!

12/02/2013: 4h30 AM

Toca o despertador. Acordo atordoada sem perceber muito bem o porquê do despertador tocar tão cedo. Faz-se um clique, chegou o dia que tanto esperei! Visto-me e vou com os meus pais para o aeroporto. Estava a correr tudo bem, uma despedida como tinha imaginado, até ao momento em que passo o segurança e este me diz que já não ia a tempo de apanhar o voo. Isto porque o embarque era às 06h40, para o avião partir às 07h25 e eu passei o segurança às 07h05, pensando na minha rica ignorância que se chegasse às 07h20 estava tudo ótimo. Desespero! Dei um último abraço aos meus pais e corri com todas as minhas forças até já não poder mais e pedi que por milagre ainda estivessem à minha espera. Entretanto, no meio de tanta correria os meus pais foram avisar que eu estava atrasada e lá consegui apanhar o avião. Alívio!

Pensava eu que já estava tudo prontinho para arrancar, ainda a recuperar o folego, quando avisam que o avião só ia partir daí a 40 minutos por causa do mau tempo. Esperei 40 minutos, 50 minutos, 1 hora, até que o avião partiu para Madrid onde já só iria ter 30 minutos para apanhar o voo seguinte para Pequim. Chego a Madrid, nova correria para apanhar o segundo voo, desta vez com uma funcionária do aeroporto a acompanhar-me e já com o meu bilhete nas mãos. Atravessámos dois terminais (intermináveis) e entrei no avião. Senti-me uma estranha, pois a maioria dos passageiros eram chineses e olhavam para mim de alto a baixo como se fosse um ser diferente.

O avião partiu, foram 11 horas de voo e finalmente cheguei a Pequim, para daí a 5 horas apanhar o último voo para Nanjing. Tive que passar pelos serviços de estrangeiros para ser revistada, apanhei um mini metro que anda dentro do aeroporto e cheguei à zona de levantamento da bagagem para levantar as minhas malas que tinham sido despachadas especificamente para Pequim. Novamente esperei, esperei, esperei…até que já não havia mais malas a circular e as minhas não tinham aparecido. NÃO, desespero nº 2! Procuro alguém que fale inglês e dirijo-me ao gabinete responsável pelas bagagens. Venho a perceber que as malas tinham ficado em Madrid, porque devido ao atraso do primeiro voo não houve tempo para transferi-las de um avião para outro. Após tentativa de comunicar com a funcionária e de todas as burocracias necessárias, descubro que só terei acesso às minhas malas no Sábado, dia 15 de Fevereiro. Até lá vou-me desenrrascando com o malote que trouxe em mão e os supermercados que existam perto da Residência.

Resolvidos os problemas só me restou esperar 5 horas pelo voo para Nanjing. Fica uma mostra da diversão que foi:

China

Trata-se do maior país da Ásia Oriental e o mais populoso do mundo (cerca de um sétimo da população do mundo). É caracterizada por ser uma república socialista, governada pelo Partido Comunista da China, mas que tem vindo a demonstrar sinais de crescente capitalismo. Sendo que, desde a introdução das reformas económicas em 1978, se tem tornado uma das economias de mais rápido crescimento no mundo, considerado o segundo maior exportador do mundo e o terceiro maior importador de mercadorias do planeta. Trata-se de uma superpotência emergente e conta com um PIB (Produto Interno Bruto) estimado em 7,3 triliões de dólares. 

O seu sucesso comercial tem sido devido principalmente ao seu baixo custo de produção, nomeadamente no que toca a uma combinação de fatores como mão-de-obra de baixo custo, boa infraestrutura, bom nível de tecnologia, alta produtividade e uma moeda muito desvalorizada. 

Para além de ser descrito como comunista e socialista, o governo Chinês também tem sido considerado como autoritário, com fortes restrições em áreas como a internet, imprensa, direitos reprodutivos e liberdade de religião. A nível cultural, é de referir que os idiomas mais falados na China pertencem à família linguística sino-tibetana, sendo que existem vários grupos linguísticos: mandarim (língua nativa), o wu (inclui o xangainês), o yue (inclui o cantonês e o taishanês), o min (inclui hokkien e teochew), o xiang, o gan e o hakka. 

Província Jiangsu 

Nanjing